Sydnei Migli

PENSAR COMO UM HERÓI, OU VIVER COMO UM COVARDE.
VOCÊ DECIDE!!!

De uns tempos pra cá, osono, que antes me mantinha desconectado toda a noite, hoje em dia é como umgás rarefeito que se esvai por qualquer fresta e me deixa em vigília por horasnoturnas que parecem não ter fim.
Agora mesmo são as 3 damadrugada, faz um pouco de frio e eu, desperto, sinto o sopro do vento que me trazo olor dos campos cultivados, que tenho a menos de dois quilômetros de casa.
Nesses momentos sempre me visitam algumasimagens, que são como espíritos que pairam sempre sobre mim, que nunca meabandonam e sempre se reinventam, buscando na maioria das vezes, apenas distrair-meenquanto o sono não vem.
Na verdade, não sei sesonho ou estou consciente, o certo é que divago, flutuo em pensamentos própriose alheios, recolho e roubo imagens que não são minhas, mas que as quero como seum dia tivessem sido.
E assim me aproprio deuma cena de Matrix, com Keanu Reeves e me detenho nesse momento em que Neo deve decidir que pílula tomar.
Ele poderia tomar avermelha, que lhe mostraria como o mundo realmente era e a partir daí teria queenfrentar uma realidade dura e perigosa.
Ou, tomar a pílula azul edeixar-se levar pelo conforto que lhe dava a ignorância, ou seja, permanecer nailusão à que estava acostumado.
No filme, Neo tinha essaopção e todos sabemos qual foi a sua escolha, até porque se escolhesse a azulnão haveria história pra contar.
Mas, se penso em mim e meesforço pra tentar lembrar quando, como e onde tomei a pílula vermelha, admito quede modo involuntário, não saberia dizer com exatidão.
E pra ser sincero, podeser que se eu estivesse na situação do Neo, onde uma alma caridosa meoferecesse a opção de escolher, talvez tivesse escolhido a pílula azul e levasse uma vida de feliz ignorância até o fim dos meus dias.
Deixo claro assim, quenão recrimino quem a escolhe, até porque, se pensamos bem, vivemos envolvidospor uma realidade que quase nunca entendemos completamente e por isso creio,que a maioria de nós, nunca tem uma oportunidade clara de escolher.
E arriscando-me mais em minhapercepção, sou tentado a acreditar que alguns de nós, humanos, nascemos com apílula tomada, não importando, se em nosso crescimento físico e mental, nosofereceram oportunidades de desbravar a realidade ou não.
Vou mais longe nesse meudelírio e, como compartilho com todos a mesma natureza, até posso entender que,os que estão ungidos pelo azul da ignorância, acreditem piamente que sãoportadores da verdade universal.
Meu Deus! Como é difícil entenderpor que tanta gente exibe essa certeza, quando, pelo menos em mim, o que mesobram são dúvidas e interrogações.
Reconheço que não soumais que um produto do meu tempo e estou povoado por um Hollywood que meplantou a semente dos heróis, às vezes pré-fabricados, criando histórias em que gente comum, apesar da adversidade,vence o inimaginável.
E no meio das imagens queroubo e me aproprio, me vem à mente uma heroína criada a mais de 40 anos, queem sua viajem pelo espaço se encontra com uma criatura alienígena.
A qual, somente hoje, lheposso ver a cara e pensar na imensa alegoria dessa história espacial e suarelação com a vida em que vivemos.
Falo da tripulante Ripleye sua luta com o 8º passageiro.
Pois agora, quando observoo mundo, vejo esse monstro retratado em todos os que nos querem subjugados.
Vejo como há mais de umAlien, com nomes distintos, às vezes são siglas como OTAN, OMS, ONU, às vezessão pessoas como Soros, Van Der Leyen, Netanyahu e muitos mais.
E todos têmalgo em comum com o monstro alienígena, botam ovos que logo eclodem e parasitampor todo o planeta, causando guerras, destruição, miséria e fome.
Repartindo a morte através do seu exército de pílulasazuis, aos quais podemos adjetivar como quisermos, alguns os chamarão inocentesúteis, outros dirão que são apenas energúmenos, enfim deixo isso ao gosto decada um.
Antes de baixar à terradessa minha viajem, recordo de onde venho, minha origem, meu idioma, meus lugares preferidos e sofro aover tudo isso sendo devorado por Aliens tupiniquins, hediondos e covardes.
Mas, por sorte, por aquijá começa a clarear o dia e minhas imagens, como espíritos que temem a luz dosol, se escapam pela janela aberta à velocidade do pensamento.
E mesmo sem ter certezade como me transformei em uma pílula vermelha, já não posso mais negar-me a vero mundo como ele realmente é.
E assim, por mais um dia, me misturo entre osda minha espécie sem perder a esperança e o desejo de que entre nós, tem quehaver mais de um Ripley.
Sorte e saúde a todos.
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"Quemacompanha minhas colunas sabe que gosto de falar sobre política e comportamento,mas peço licença para compartilhar algo mais íntimo.
'Vocêtambém tem um arrependimento silencioso que carrega sem falar?' Eutive vários. ‘Treze Vidas’ foi meu modo de enfrentá-los.
Nestelivro de memórias — que atravessa 50 anos de Brasil —,revisito histórias de família, escolhas difíceis e o peso (quase sempreinvisível) do passado. Não escrevi como especialista, mas como quemaprendeu, tarde demais, a olhar para trás sem medo.
Sevocê curte histórias reais, sem lições prontas, talvez seidentifique. A capa e o link estão abaixo, mas fique à vontade para seguirapenas minhas colunas. Até a próxima, com os temas de sempre!"**
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