Primeira-ministra de Bangladesh renuncia e foge do país após protestos com 300 mortos, dizem Forças Armadas
Em Dhaka, capital do país, houve cenas de caos, com manifestantes correndo e um shopping sendo incendiado durante os protestos contra o governo de Hasina.
Milhares de manifestantes invadiram a residência oficial do governo em Bangladesh, em protesto contra uma política de cotas que reserva vagas no serviço público para veteranos de guerra. A primeira-ministra Sheikh Hasina, que estava no poder há 15 anos, enfrentava uma onda de manifestações estudantis e acabou renunciando. As Forças Armadas anunciaram a formação de um governo interino.
Em Dhaka, capital do país, houve cenas de caos, com manifestantes correndo e um shopping sendo incendiado durante os protestos contra o governo de Hasina. No domingo, 4 de agosto de 2024, a situação se intensificou, levando o comando das Forças Armadas a declarar a renúncia da premiê no dia seguinte. Após deixar o cargo, Hasina, uma das líderes mais influentes da Ásia, deixou o país, conforme informações dos militares.
A situação em Bangladesh, uma das nações mais populosas do sudeste asiático, agravou-se nas últimas semanas devido aos protestos, que resultaram em 300 mortes. Os manifestantes criticam a restauração de um sistema de cotas que destina um terço dos empregos públicos a parentes de veteranos da guerra de independência contra o Paquistão em 1971. O sistema havia sido abolido em 2018, mas foi reintroduzido em junho deste ano.
Nesta segunda-feira, a residência oficial de Sheikh Hasina em Daca foi invadida por milhares de manifestantes, conforme mostrado em um vídeo. Durante a manhã, o acesso à internet foi bloqueado em todo o país, após um fim de semana de protestos intensos e violentos. Em pronunciamento, o chefe das Forças Armadas, Waker-uz-Zaman, afirmou que o governo interino permanecerá até que uma solução definitiva seja encontrada para o país.
Em janeiro, a reeleição de Hasina já havia provocado protestos, após a oposição acusar fraudes eleitorais. As manifestações começaram de forma pacífica em julho, lideradas por estudantes, mas se tornaram violentas após confrontos com a polícia e grupos pró-governo. A crise é agravada por problemas econômicos, como alta inflação, aumento do desemprego e a diminuição das reservas de divisas.
Hasina fugiu para Agartala, no nordeste da Índia, onde o governo indiano deve oferecer proteção à ex-premiê. A renúncia de uma das mulheres mais poderosas da Ásia foi celebrada nas ruas de Daca, com multidões comemorando o fim de seu governo.
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