Como bares e lojas do Reino Unido estão virando plantações de maconha
As investigações descobriram conexões entre a produção de cannabis em larga escala e outros crimes, como tráfico de pessoas.
Traficantes têm como alvo estabelecimentos comerciais vazios em centros urbanos para cultivar maconha em larga escala no Reino Unido, de acordo com a polícia. Lojas e pubs desocupados estão sendo utilizados pelo crime organizado para a produção industrial da droga. No último ano, a polícia realizou batidas em diversas propriedades, como uma antiga loja de brinquedos em Ayr, na Escócia, e um antigo banco em Welshpool, no País de Gales. Restaurantes, cafés, boates, casas de bingo e prédios comerciais desocupados também foram usados para o cultivo, segundo o Conselho Nacional de Chefes de Polícia (NPCC).
Em Newport, sul do País de Gales, criminosos transformaram vários andares de uma antiga loja de departamentos em uma plantação com mais de 3 mil pés de cannabis, cujo valor de mercado foi estimado em 2 milhões de libras (cerca de R$ 14 milhões). A polícia alertou que agentes imobiliários, eletricistas e comerciantes que colaborarem com as gangues na conversão desses prédios serão processados.
Richard Lewis, chefe de polícia e líder do NPCC no combate às drogas, afirmou que a decadência das ruas comerciais nos últimos anos criou uma oportunidade para os criminosos. "Propriedades comerciais são atraentes para grupos do crime organizado por várias razões. Grandes lojas fecharam, e o espaço para produzir cannabis em maior escala se tornou disponível", explicou. Ele também destacou que a falta de movimento à noite facilita que as plantações passem despercebidas.
No ano passado, a polícia intensificou suas operações contra plantações de cannabis, emitindo cerca de mil mandados e efetuando aproximadamente mil prisões. Em Newport, a polícia de Gwent desmantelou várias plantações no centro da cidade, incluindo a maior delas, localizada na antiga loja de departamentos Wildings, que fechou em 2019.
O sargento Dan Wise observou uma transformação nos últimos anos, à medida que gangues visam imóveis comerciais vazios na cidade, que apresentava uma das maiores taxas de desocupação do Reino Unido após a pandemia. Uma análise do Consórcio de Varejo Galês revelou que mais de uma em cada seis lojas no País de Gales estava vazia.
Para combater essa prática, a polícia colaborou com o Conselho da Cidade de Newport para criar um banco de dados de prédios vulneráveis ao uso por gangues. O NPCC afirmou que as forças policiais estão sendo proativas no fechamento das plantações de cannabis, processando também os proprietários que, no mínimo, fazem vista grossa para o que está acontecendo. Agentes imobiliários, eletricistas e outros facilitadores dessas operações também foram alvos de processos.
As investigações descobriram conexões entre a produção de cannabis em larga escala e outros crimes, como tráfico de pessoas. Lewis pediu à população que denuncie à polícia se suspeitar que uma propriedade está sendo usada para o cultivo de drogas. Sinais de alerta incluem janelas cobertas, luzes acesas durante a madrugada e a presença de tendas. "As propriedades são muito quentes para as pessoas ficarem lá dentro a noite toda", explicou.
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