Sydnei Migli

SEU DONO DA GENTE.
Aqui realmente não tá mole não!!

Há uma frase cujo autor não me recordo mais, que entende a história dessa maneira: “os líderes são instrumentos do seu tempo e surgem num momento da história para realizar coisas que aconteceriam de toda forma.”
Esse conceito determinista dá o que pensar.
Pois, acima de tudo, recorda a nossa origem tribal ancestral, que vem demonstrando com o passo dos anos, que não somos capazes de promover mudanças sem que tenhamos que recorrer a um líder ou a líderes.
É como se alguém, em tempos imemoriais desde as profundezas de um inferno qualquer, nos houvesse lançado uma maldição.
E assim, escrevemos nossa história atados a esse destino.
Um destino que suscita em mim uma dúvida.
Se não somos capazes de consensuar nosso destino, quando teremos no Brasil um líder que aglutine os desejos mais básicos da humanidade brasileira?
Quando, dessa forma, poderemos cumprir os desígnios do nosso momento histórico?
Afinal nossos desejos básicos já foram expressos num samba do João Nogueira:
Seu dono da gente
Aqui realmente não tá mole não,
Tá faltando feijão, tá faltando esperança.
As minhas crianças
Não têm segurança nem dentro de casa,
Só dá "treizoitão", estão mandando brasa.
Seu dono da gente
O Brasil tá querendo mais humanidade,
Menos cartolagem, mais honestidade
E maior proteção ao que é nacional.
O trem menos cheio, bem menos receio,
Trabalho decente, remédio barato
Pra quem tá doente,
A beca, o sapato e a cachanga ideal.
Seu dono da gente
Um pouquinho disso já quebrava o galho
Não custava caro, nem dava trabalho
E deixava o país numa quase legal.
Historiadores acreditam que algumas condições levam uma sociedade à guerra civil de modo inevitável e os versos em forma de súplica desse samba de 1980, confirmam que ao não haver sido atendidas essas súplicas, já estamos vivendo uma guerra civil.
Pois no Brasil morre diariamente mais gente assassinada nas favelas e bairros pobres que em muitas guerras e não tem pinta de que isso vai diminuir ou acabar.
É claro que sempre podemos fingir que vai tudo bem, afinal temos wi-fi e redes sociais.
Pra ter uma ideia do retrocesso civilizatório que atravessamos, há 2000 anos atrás o Império romano proporcionava mais saneamento básico aos seus súditos, do que o estado brasileiro, que deixa a metade dos seus contribuintes à mercê da insalubridade.
Aqueduto romano em Segóvia Espanha.
Seus aquedutos inclusive traziam água limpa percorrendo dezenas de quilômetros, aquedutos que hoje em dia ainda estão de pé.
Se o assunto é educação a coisa é ainda pior, caminhamos para um declínio do QI que coloca uma esmagadora maioria, como pouco mais que analfabetos funcionais.
Chegados a esse ponto já pouco nos deveria importar quem é o culpado de tudo isso e deveríamos buscar formas para sair desse buraco.
Essa é a encruzilhada da humanidade que no Brasil está latente há décadas e a mim me custa ver uma saída.
Não faz muito tempo, Elon Musk, explicava os motivos que o fez unir-se o governo do Trump e que resultados esperava alcançar.
Ele disse que sabia que dentro de alguns anos, outros viriam e poderiam destruir o que eles construíram, portanto o que ele fazia era cumprir com o que dizia sua consciência e por acreditar que esse é o melhor caminho. Mas sabia que não seria algo definitivo.
O Brasil tem cristalizado em sua estrutura social algo que, salvo engano, remonta aos tempos do Império, uma tradição de nepotismo e favorecimento.
Eu mesmo pude ver de perto como uma pessoa conhecida, por ter feito campanha para o Getúlio Vargas, foi colocada como recepcionista do IPASE(Instituto de Previdência dos Servidores do Estado), e ao aposentar-se, cobrava um valor de dar inveja a muito doutor.
Uma aposentadoria que, amparada pela lei, dava a ela o direito de receber os mesmos aumentos que recebiam os funcionários que estavam em atividade.
E em um exemplo recente, temos a nomeação das mulheres de vários políticos a cargos vitalícios nos tribunais de contas.
Não creio que um governo, mesmo dito de “direita”, terá a coragem de mudar a Constituição para retirar das esposas e de muitos outros, os privilégios de estar contratados de forma vitalícia, alguns sem sequer ir trabalhar.
Repito o que disse muitas vezes antes; sem que se modifique a Constituição é impossível ver avanços que perdurem no tempo e nos tire do caminho do deterioro da civilização.
A Constituição não é a palavra de Deus!
É apenas um livro de regras que deve estar adequado à realidade e tratar com equidade os que a obedecem, senão for assim será o que é hoje em dia, um pedaço de papel que serve de instrumento para que os facínoras se perpetuem.
Sagrada é a Bíblia!
E mesmo assim, nem sempre a levamos ao pé da letra.
No entanto, temos um respeito servil e incondicional a uma coletânea de palavras vulgares, escritas por políticos medíocres e corruptos, que somente faz crescer entre os brasileiros, a distância entre cidadãos de 1ª e 2ª classe.
Sorte e saúde a todos.
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"Quem acompanha minhas colunas sabe que gosto de falar sobre política e comportamento, mas hoje peço licença para compartilhar algo mais íntimo.
'Você também tem um arrependimento silencioso que carrega sem falar?' Eu tive vários. E ‘Treze Vidas’ foi meu modo de enfrentá-los.
Neste livro de memórias — que atravessa 50 anos de Brasil —, revisito histórias de família, escolhas difíceis e o peso (quase sempre invisível) do passado. Não escrevi como especialista, mas como quem aprendeu, tarde demais, a olhar para trás sem medo.
Se você curte histórias reais, sem lições prontas, talvez se identifique. Deixo o link abaixo, mas fique à vontade para seguir apenas minhas colunas. Até a próxima, com os temas de sempre!"**
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